quarta-feira, 9 de março de 2011

Dia 18: "A rede do meu destino parece a de um pescador: quando retorna vazia vem carregada de dor..."

Há três noites atrás, chorei como não chorava há mais de 5 anos. As lágrimas brotavam do meu rosto de forma involuntária. Desaguei como uma nuvem carregada que precisa chover.

Não costumo falar sobre perder a visão talvez porque queira ficar só com a parte da dor e deixe a parte do sofrimento com o futuro do pretérito... Tento procurar alguma palavra que caracterize essa contingência em minha vida e não encontro outra que não seja: tragédia. Acho que agora devo me defender do rigor alheio e dizer que todos tem sua tragédia e a minha não é maior do que a de ninguém.

A minha maior dificuldade logo que perdi a visão foi tentar temperar o choque das pessoas ao me encontrar com minha vontade de lamentar tudo e criar um horizonte qualquer com a ponta dos dedos. Enquanto escrevo e relembro momentos que agora me parecem tão difíceis, percebo como me relacionei com essa nova situação: uma condição inexorável e que portanto só me cabia lutar mesmo ardendo de dor. Peço perdão se estou sendo dramático mas não creio que esse relato poderia ficar muito longe de um drama com o prejuízo de não falar a verdade que corre em mim... É verdade que dificilmente alguém será mais rigoroso comigo do que eu mesmo... Agora mesmo, num lugar em que quase todas as coisas se referenciam há milhares de anos, tudo que penso parece insignificante. Mas minha teimosia em viver e construir espaços para a realização do futuro, não me deixa desistir.

Talvez por isso, muitas vezes encare a vida como uma viagem de barco na qual a bússola foi perdida e a única alternativa é prosseguir para poder continuar prosseguindo...

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Salve, Daniel!
    Podes acreditar: a tua bússola nunca foi perdida. Ela é o teu coração, que te levou até aonde tu estás e vai te levar só Deus sabe pra onde. Falous?!?
    Abraçãosãos e hablamos,
    mAurovArgAs....Hey!!

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  3. quase me esquecia da poesia de sua vida, da beleza de seus escritos e de como me tocam suas palavras, ma svocê não é de se esquecer... sorri aqui

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  4. Daniel, por mais que você tente expressar a tua dor, não teremos nunca a dimensão dela. E tuas palavras nos transmitem de uma certa forma.

    Lute sim.

    beijos Beca e Gui

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